Veja quais são as etapas e como funciona esse importante segmento da cadeia farmacêutica.
A logística de medicamentos é um dos mais importantes processos da indústria, desde a separação do produto até o seu destino final. A maioria das vezes em que debatemos sobre a logística de medicamentos, estamos falando de cadeia fria, temperatura controlada e um alto nível de exigência de qualidade dos laboratórios farmacêuticos.
No Brasil, os custos com logística podem ser até 30% mais caros se comparados com países desenvolvidos, como os Estados Unidos. Isto faz com que o medicamento seja encarecido. Em geral, após a fabricação, o produto é alocado em depósitos, centros de distribuição ou na própria indústria. O processo de logística inicia quando um cliente, que pode ser uma farmácia, um instituto de pesquisa, uma clínica ou hospital, faz a solicitação à empresa escolhida.
Processo inicial
Após o primeiro contato, em que é feito o preparo do produto e aprovação do orçamento, o departamento operacional responsável agenda a entrega no destino, dia e horário disponíveis. “Todas as particularidades do transporte são encaminhadas ao supervisor da frota que fará o roteiro para o motorista e, a partir de uma nota fiscal, o departamento financeiro prepara o conhecimento de transporte eletrônico (CT-e) que acompanhará a carga.
Todo o processo poderá ser acompanhado pelo cliente através do número do CTA (documento interno que acompanha todas as remessas) no site; o departamento operacional acompanha todas as cargas em trânsito e, à medida que inserimos as confirmações de retirada, o cliente, além de ser notificado através de contato telefônico, recebe um e-mail automático de cada evento separadamente”, explica Sandra Regina Bezerra, diretora comercial da Bio Transportes.
Já a Polar Truck explica que seu processo possui três macros etapas. “A primeira é entender e desenhar toda a operação, seguida da qualificação técnica e da proposta comercial. Nessa etapa, são envolvidos os departamentos de qualidade, operação, a central de relacionamento com o cliente e o comercial. Temos também a opção de seguir com o procedimento estabelecido pelo cliente. Em uma nova operação, envolvemos aproximadamente 20 pessoas”, diz Agnaldo Santos, diretor comercial da empresa. O executivo completa que o tempo que o medicamento leva para chegar ao seu destino pode variar entre 24 horas e uma semana.
Burocracia nacional
As empresas do ramo concordam que o processo de logística no Brasil é mais burocrático, se comparado com mercados como Europa e Estados Unidos, principalmente, devido à legislação do país. “No âmbito nacional, temos as barreiras interestaduais, todavia operamos de acordo com a legislação e normas do transporte aéreo/rodoviário vigentes. A principal diferença e a mais notória é que os órgãos regulatórios são mais eficazes nos países desenvolvidos” justifica Sandra.
Santos complementa que as exigências para o transporte de medicamentos no Brasil são novas.
“Vemos alguns mercados mais maduros em que o nível de exigência de controle de temperatura é bem mais alto, pois possuem novas tecnologias para esses controles e os departamentos de qualidade dos grandes laboratórios exigem um padrão ainda mais alto, onde a qualidade é mais importante que o preço. Porém, quando falamos de mercados regulados no Brasil para o transportador, o nível de exigências e licenças para se credenciar na Anvisa também é grande, além de extremamente burocrático”.
Custo elevado e qualidade da entrega
O custo da logística brasileira chama a atenção e pode ser justificado pelo nível de exigência que a delicadeza do produto demanda, como altos custos de manutenção de frota, seguros e equipamentos e a garantia de todo processo de qualidade que envolve profissionais capacitados, licenças, embalagens e insumos importados, impostos e outros custos que compõem a operação e que agregam valor para o consumidor final.
“No ponto de vista geral, precisamos de parcerias com empresas nacionais para a fabricação de insumos de qualidade, com isso reduziríamos os custos importando estes produtos. Uma fiscalização mais contundente que abrangesse todas as transportadoras voltadas a este nicho, para que concorrência desleal não acontecesse, empresas conscientes que não contratassem empresas não qualificadas e uma série de pequenas ações garantiriam um preço menor ao consumidor”, argumenta Sandra.
Logística e pesquisa clínica
Algumas empresas são especialistas no transporte dos chamados medicamentos investigacionais, que são os tratamentos que chegaram à fase clínica (testes envolvendo seres humanos). Um medicamento desse pode levar até 10 anos de pesquisa e o custo de US$1bilhão.
A logística tem o papel de levar esse tratamento ao seu voluntário, mantendo a qualidade do produto. A vantagem desse tipo de medicamento é que a empresa que o transporta está sempre na vanguarda do que estará no mercado daqui há alguns anos. É importante um alinhamento entre quem entregará o produto e quem receberá o material – no hospital ou na clínica – e o treinamento de todos que vão participar do estudo, assim conseguindo melhores resultados.
No caso deste tipo de medicamento, a importação acontece para um estudo específico e não pode ser usado para outro fim que não seja o da pesquisa original, e possui algumas particularidades: as informações na etiqueta devem cumprir algumas regras e estarem legíveis (não são aceitas etiquetas somente com QRcode); o armazenamento e transporte necessitam de documentos como nota fiscal e CTe; o registro de produtos biológicos pede comprovação da qualificação de transporte, incluindo trechos nacionais e internacionais; por conta do tamanho continental, as entregas podem levar de 24 a 48hrs, uma realidade bem diferente de alguns países europeus, que são bem menores.
O custo nesse tipo de logística pode ser ainda mais caro. Devido à fragilidade do produto, é importante escolher empresas segmentadas.
“Não se pode colocar em risco US$ 1 bilhão em investimentos para descobrir um novo tratamento, por isso é importante escolher um fornecedor baseado na qualidade. É muito comum compararmos valor de um fornecedor versus outro e não incluirmos o custo da contingência. No caso da pesquisa clínica, erros não são tolerados e, por isso, não devemos comparar o custo dessa logística com o custo da logística de produto comercial, onde eu já tenho dados de estabilidade, conheço a elasticidade térmica, tenho seguro ou posso repor o lote em caso de contingência”, conclui Erika Rabak, gerente global de projetos da World Courier, empresa especializada em medicamentos para pesquisa clínica.
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