Indústria Cosmética

Ingredientes orgânicos na cosmética: tendência, inovação e consciência

Escrito por 21brz

10 ABR 2025 - 09H30

Os ingredientes orgânicos na cosmética vêm se tornando protagonistas de uma revolução silenciosa — e profundamente transformadora. À medida que consumidores buscam produtos mais limpos, éticos e sustentáveis, marcas e laboratórios respondem com fórmulas que priorizam a origem natural e certificada dos seus ativos.

Não à toa, eventos como a FCE Cosmetique têm registrado um aumento expressivo na presença de fornecedores de insumos orgânicos e naturais, refletindo uma mudança de mentalidade no setor e um reposicionamento da própria indústria da beleza.

Ingredientes orgânicos na cosmética: por que estão em alta?

O crescimento do interesse por ingredientes naturais para cosméticos não é apenas uma moda passageira. De acordo com um levantamento da Mintel (2023), 65% dos consumidores brasileiros afirmam que preferem produtos com ingredientes naturais, e quase metade deles está disposta a pagar mais por cosméticos sustentáveis e éticos.

Outro estudo, promovido pela Ecovia Intelligence (2023), destacou que o mercado global de cosméticos naturais e orgânicos cresce entre 8% e 10% ao ano, com destaque para América Latina e Ásia. Quando olhamos especificamente para o Brasil, temos o 4º maior mercado de beleza do mundo, que começa a liderar também as tendências sustentáveis, segundo a Euromonitor.

Essa mudança no comportamento de consumo está diretamente ligada a uma maior preocupação com saúde, meio ambiente e bem-estar animal. Assim, termos como ingredientes limpos, cosméticos veganos, certificação orgânica cosmética e formulação natural passaram a fazer parte da rotina de quem consome — e de quem formula.

O que o consumidor moderno procura

Mais do que um rótulo bonito ou um slogan verde, o consumidor moderno quer transparência. Isso envolve saber de onde vem o ingrediente, se ele é rastreável, qual o impacto da cadeia produtiva e se há algum selo de certificação confiável no processo.

Nesse ponto, a relação entre os ingredientes orgânicos e os pilares do ESG (ambiental, social e governança) é cada vez mais direta. Segundo dados da Ecovia Intelligence, a rastreabilidade dos ingredientes e o compromisso ambiental das marcas estão entre os principais critérios de compra nas novas gerações de consumidores.

O que muda de geração para geração?

A ascensão dos ingredientes orgânicos na cosmética também está diretamente ligada às novas gerações de consumidores — e cada uma delas impulsiona essa tendência por razões diferentes.

A Geração Z, por exemplo, cresceu em meio à crise climática, escândalos de testes em animais e excesso de informação. Não é à toa que 73% dos jovens entre 18 e 26 anos afirmam que pagariam mais por produtos sustentáveis (First Insight, 2023). Para eles, um cosmético com selo de “orgânico” ou “cruelty-free” não é diferencial — é o básico. Essa geração compra marcas com propósito claro e exige transparência total na cadeia dos ingredientes.

Já os millennials (entre 27 e 43 anos) valorizam praticidade, mas sem abrir mão da consciência ambiental. Essa faixa etária é hoje a que mais consome cosméticos veganos e naturais online (Deloitte, 2023) e troca de marca com facilidade se encontrar uma opção mais alinhada com seus valores.

As gerações anteriores, como os boomers e a Geração X, também demonstram interesse crescente por ingredientes naturais — desde que acompanhados de eficácia comprovada e confiança científica. Para esse público, selos como IBD, Ecocert e recomendações dermatológicas fazem toda a diferença na hora da compra (Mintel, 2022).

O resultado? Uma convergência entre gerações, onde cada uma, à sua maneira, está ajudando a consolidar a beleza verde como uma tendência irreversível.

Os ingredientes orgânicos mais promissores para a indústria

Entre os ativos naturais para pele mais valorizados hoje, destacam-se:

Óleo de jojoba orgânico, com propriedades hidratantes e seborreguladoras;

Manteiga de karité bruta, rica em ácidos graxos e vitamina E, amplamente usada em produtos para pele seca;

Extrato de camomila e calêndula, com ação calmante e anti-inflamatória, ideais para peles sensíveis;

Óleo de rosa mosqueta, conhecido por sua eficácia em cicatrizes e hiperpigmentações.

Com uma vasta biodiversidade, o Brasil tem acesso a ingredientes exclusivos da Amazônia, Cerrado e Mata Atlântica. Ativos como óleo de andiroba, açaí, pracaxi, copaíba e buriti são cada vez mais valorizados por marcas internacionais, e abrem uma janela de oportunidade para a venda destas matérias-primas.

Todos esses insumos têm sido reformulados sob o conceito de “ingredientes sustentáveis” — ou seja, extraídos sem causar prejuízo ao ecossistema, e preferencialmente com certificações reconhecidas como Ecocert, IBD e COSMOS. O site da Ecocert, por exemplo, detalha os critérios rigorosos de rastreabilidade, biodegradabilidade e segurança exigidos para que um ingrediente seja considerado cosmético orgânico certificado.

Certificações que garantem a confiança

Os selos não são só um diferencial de marketing — eles são uma necessidade técnica e regulatória. No Brasil, a certificação da IBD é uma das mais consolidadas, reconhecendo produtos que respeitam práticas orgânicas desde o cultivo até o processamento. Já o COSMOS, padrão europeu, exige um percentual mínimo de ingredientes orgânicos em cada fórmula, além de diretrizes sobre embalagens e métodos de extração.

Essas certificações trazem segurança não apenas para quem compra, mas também para quem fabrica e distribui, ajudando a padronizar exigências internacionais e facilitar a exportação.

Desafios e oportunidades para marcas e laboratórios

Apesar do crescimento, a adoção dos ingredientes orgânicos na cosmética ainda enfrenta alguns obstáculos.

1. Custo e escalabilidade

Produzir com ingredientes certificados costuma ser mais caro — não apenas pela certificação em si, mas por toda a cadeia produtiva envolvida. Além disso, muitos insumos orgânicos têm produção limitada e sazonal, o que pode dificultar o fornecimento em grande escala.

2. Legislação brasileira e padrões internacionais

Outro desafio é alinhar os critérios da ANVISA com os padrões internacionais. Enquanto o Brasil ainda não possui uma legislação específica para cosméticos orgânicos, a União Europeia e os Estados Unidos já operam com marcos regulatórios sólidos. Para quem exporta, isso significa ter que se adequar a diferentes exigências, o que pode ser um gargalo, mas também uma porta de entrada para mercados exigentes e valorizados.

Segundo a Statista, o mercado global de cosméticos naturais e orgânicos deve ultrapassar US$ 60 bilhões até 2030 — uma oportunidade e tanto para marcas brasileiras que desejam se posicionar com inovação e responsabilidade.

Conclusão: a beleza verde é o futuro?

Definitivamente, sim. A era dos cosméticos convencionais está dando lugar a uma beleza mais consciente, conectada com sustentabilidade, inovação e ética. Marcas que desejam crescer nesse cenário precisarão investir em ingredientes limpos, insumos orgânicos, comunicação transparente e, acima de tudo, compromisso com o planeta e as pessoas.

Para quem vai à próxima edição da FCE Cosmetique, vale observar com atenção os fornecedores focados em ativos botânicos, óleos essenciais certificados e embalagens sustentáveis — porque o futuro da beleza será verde, ou não será.

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